Todas as manhãs

Maria Antônia Canavezi Scarpa

Todas as manhãs levanto ardente,

porque elas não são iguais,

existem sempre, muitas diferenças;

há em cada romper da aurora, uma doce esperança

de que ela debruce sobre mim com doçura,

desde o êxtase até a nirvana ,

que venham irromper meu âmago com ímpetos

moldando em mim essa volúpia imperiosa

que alguém deixou em mim dormente,

quieta absorvendo meus instintos fugazes

Não posso imaginar a indiferença,

que ficaram nas minhas lembranças,

veloz moldo o meu estado de alerta,

minha adrenalina salpica de endorfinas

a quietude que tenho dentro de mim,

ávidas em libertar os arroubos que travam

os meus instintos e a minha razão,

fazendo-os se perderem no êxtase

que geram uma confusa metamorfose de desejos

Quando o dia acontece

tudo dentro de mim vem com anseios, de novas formas,

travo brigas constantes com o meu interior

que não quer se aquietar e explode sempre,

por novas utopias, novos sentimentos,

novos desejos, há sempre um devaneio

por um sentir diferente, que fervilhe o sangue

quase correndo morno pelas minhas veias,

sempre fico temendo que se congelem

de um momento para o outro

Talvez sejam essas mutações

que fazem de mim um ser ativamente volúvel,

sempre burlando os sonhos,

que teimam em não serem perfeitos,

Daí refazer passo a passo suas trajetórias

dando-lhes o início que eu quero

e o fim que almejo

para poder a cada manhã me revitalizar

até que tudo novamente aconteça,

e o amanhã traga uma nova manhã

Tília Cheirosa
Enviado por Tília Cheirosa em 18/08/2007
Código do texto: T613549
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