Martírio do Poeta
Eu queria ter colhido no presente
Melhores flores, com aromas delicados
Mas, incauto eu lancei tão vil semente
Que abrolhos deu-me em forma de pecado
Eu queria ter sorrido nesta vida
Com alguém , que eu amasse de verdade
Mas o quê um poeta sabe do amor?
Se o seu instinto é viver em liberdade
Ai! Quantas vezes que a pena esplêndida
Correu ligeira e teus predicados cantou
Porém debalde hoje releio no recanto
A luz dos olhosque o tempo apagou
Agora não vejo mais teus olhos docemente
Correndo alegres no meu verso apaixonado
Se não podes perdoar as minhas faltas
E os meus erros que estão já no passado
Ao menos diga-me oh! ninfa, um Adeus!
Algo que encerre de uma vez este martírio
Sepulta minha pena vacilante
Enterra com meu verso, o meu delírio!
Mas cala-te, não mostra-se, nem vês
Não dá-me chance de pedir-lhe o perdão
Concede-me deste tormento um fim
Ainda que venha acompanhado de um "Não".