Fendas no corpo e na alma
Chegaste.
E num ímpeto destrancaste minhas janelas.
Entraste, doce furacão,
arrebentando amarras e medos.
As flores de plástico com que enfeitei as dores
se foram, despetaladas.
Minhas roupas arrancaste do meu corpo.
Viste-me e também me vi,
nua, frente à pureza e força da tua verdade.
Chegaste
E te embrulhei em sedas
pra te preservar.
Assim como chegaste, foste.
O que me restou foi o rasgo no peito
e os frangalhos sobre minha pele branca,
maculada pelas fendas que sangram tua ausência.