Flor Bela!

Flor como ela

Encanta-me em pranto

Fascínio explícito ainda assusta

Meus olhos que vêem tanto!

Tanta! Tanta! Intensidade

Olhos de amêndoas, cinzas!

Suaves e inquietas mãos,

Das fadas, a única esquecida!

Poeta do órgão

Desesperado,

Gritante

Sufocado em chamas,

Delirantes!

Anjo terno, passagem imensa!

Despejou-se em alma,

e inquestionável rara beleza!

Fez das rimas, a mais perfeita,

De técnica pura e intensa!

Ascendeu-se em versos!

Deixando-me tão cedo,

Órfã da poesia de outrora,

Não dando ao tempo o gosto de murchar-la.

Agora, saudade voraz dos teus lamentos!

Sentimento de abandono?

Não ousaria sobre ti, usar de tão medíocre argumento!

Então leio e releio-te!

Na esperança de prolongar-te!

Senhora da dor.

Eternizar a tua chorada ausência!

E nas páginas deixadas, flor rara,

Ainda exala o cheiro da rosa,

A mais bela

Florbela Espanca!