Foi difícil olhar os olhos dele...
Das mil vezes que levei meu pai ao médico
nos seus onze anos de sofrimento, uma vez
foi mais difícil que as outras e doeu em mim.
Meu pai, muito mal com enfisema pulmonar,
procuramos o nosso médico/amigo na cidade.
Meu pai me dizia tudo que pensava, era eu o
seu único confidente, e sempre me dizia o que
iria dizer ao médico; dessa vez não falou nada.
Quando o médico nos atendeu, todo solícito;
ele estava triste, parecia muito agoniado com
a situação, E do nada, disse:
“Doutor, já que o senhor não me cura mesmo e eu sei
que nunca vai me curar e que a cada dia vou é piorar,
dá pra mim uma injeção pra eu morrer e, enfim, ter paz”.
O pior e mais doído foi olhar nos olhos dele e perceber
que o pedido que fizera era real, saía da alma do homem!