Saudade

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Saudade

Pai,

tua voz está distante,

disforme, sem tanta nitidez.

O tempo embaraçou as lembranças;

as datas se confundem,

os dias voaram e se tornaram caprichos da memória.

Recordo o último abraço,

o último beijo, o último pedido.

Recordo a ligação dando a notícia...

E o terrível percurso até poder,

pela derradeira vez,

tocar tua testa fria, desfalecida.

A vida foi imprudente, pai,

ao acelerar nossa separação.

Ainda havia tantas histórias,

tantas realizações e sonhos

Como sinto falta, pai,

do teu beijo no meu rosto...

E do "Papai ama você!"

As lágrimas são egoísmo;

a saudade, um sopro da ausência.

Sei que tu velas por todos nós.

Sei que abençoas nossa caminhada...

Mas a fotografia, pai,

não tem o cheiro da tua pele...

E os vazios que afloram,

sangrando minha busca,

encontram conforto

na certeza do reencontro.

Sua bênção, pai!

05/02/1938

05/08/2009

Nijair Araújo Pinto

Iguatu, 5 de agosto de 2017.

23h59min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 06/08/2017
Reeditado em 25/12/2018
Código do texto: T6075445
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