O DIA DA MINHA MORTE
Então morri.
Desgraçadamente e sem remédio morri.
Travei árduas e desleais batalhas
E em nenhuma delas esmoreci
Todavia uma derradeira batalha visitou-me
Nessa eu não pude combater
A letargia me dominava
E o ócio era a minha ordem
Fui golpeado mortalmente
E com tal ferocidade fui atacado
Que não pude achar defesa
Tombei meu corpo já combalido
Num solo que não era meu
E que tampouco me acolheu
Não existiu súplica que aplacasse
A fúria de meu inimigo
Não existiu consolo
Para tão impiedoso desenlace
Morri em luta
Se é que se pode incutir nisso algum louvor
Para sempre em mim a cicatriz
Em minha passagem nenhum heroísmo
Em minha história nenhuma homenagem
Quase mistério.
Quase paz.