Ultima canção de amor
O canto hostil
O semblante pavoroso
A inércia de ideias de um dia assombroso
O mais curto pavio
O mais lindo gracejar
O canto que o próprio rio não pode acompanhar
A canção de nostalgia
E ao mesmo tempo alegria
Conformada no retrato do meio dia
O medo da morte serena
O reflexo no espelho da morena
Encarando as pessoas com confiança plena
O justo pagamento em aplausos
E o conformismo notório de quem acabou
Quando o medo da morte ignorou
No semblante da estrela maior
Ouviu pêsames de estranhos
E afagos de amigos
Que cresciam os olhos para a órfã de destino
O medo de não ter para onde ir
Era o afago que tinha
E das joias que possuía
A mais valiosa era poder sorrir
O último ato de quem ficou
E quem esperou pela paz
E agora tanto faz os aplausos que escutou
O semblante de pesar
A maquiagem mais cara do mundo
Não escondia por um segundo a vontade de chorar
O mundo hostil
As pessoas falsas
Os abraços secos
As palavras sem alma
Tudo era lindo
Era quase perfeito
Mesmo que fosse um caminho sem jeito
Cantava pela última vez para quem a ajudou
E cantará sempre para quem amou
E quando olhou o corpo ali
Decidiu ficar do lado de quem nunca a abandonou
A inércia de ideias
A falta de amigos
A falta de amor
Naquela casa canto mais bonito ninguém nunca mais escutou