Asas
O barulho de suas asas ressoavam
Parecia ecos de um trovão à consolar
Ao passarinho que olhava os que voavam
E tudo que ele sabia fazer, era ficar
E quanto mais ficava, mais ele pesava
Toda a gravidade parecia aumentar
Um dia todo aquele cimento fez-se lava
E não havia mais nada pra o segurar
Como um peixe pulando de volta ao mar
Ele fitou e mergulhou no azul do céu
Mas olhou pra trás tentando encontrar
O que o segurava naquele triste mausoléu
"Não havia nada lá" ele pensou
E voou mais rápido como se temesse voltar
Quando suas asas fraquejaram, ele pousou
E naquela mesma hora começou a afundar
Foi um erro fazer-me pássaro Senhor
Deu-me asas mais leves que algodão
Mas ao criar meus pés de beija-flor
Tu me ancorastes no peso da solidão
Não entendas mal minha vil lamúria
Grato sou pelo grande dom de voar
Talvez devo lançar toda essa fúria
Pro dia que me punistes à amar.