Asas

O barulho de suas asas ressoavam

Parecia ecos de um trovão à consolar

Ao passarinho que olhava os que voavam

E tudo que ele sabia fazer, era ficar

E quanto mais ficava, mais ele pesava

Toda a gravidade parecia aumentar

Um dia todo aquele cimento fez-se lava

E não havia mais nada pra o segurar

Como um peixe pulando de volta ao mar

Ele fitou e mergulhou no azul do céu

Mas olhou pra trás tentando encontrar

O que o segurava naquele triste mausoléu

"Não havia nada lá" ele pensou

E voou mais rápido como se temesse voltar

Quando suas asas fraquejaram, ele pousou

E naquela mesma hora começou a afundar

Foi um erro fazer-me pássaro Senhor

Deu-me asas mais leves que algodão

Mas ao criar meus pés de beija-flor

Tu me ancorastes no peso da solidão

Não entendas mal minha vil lamúria

Grato sou pelo grande dom de voar

Talvez devo lançar toda essa fúria

Pro dia que me punistes à amar.

Mia Arruda
Enviado por Mia Arruda em 19/06/2017
Reeditado em 19/06/2017
Código do texto: T6032006
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