Rainhas de outras vidas...
Entre as especiais havia uma morena.
Demonstrava sem nenhuma vergonha que era minha.
Fazia-me sentir rei em cada segundo de nossos encontros.
Nem mesmo prestava atenção aos olhares da corte.
Só ela. Só para ela, entregaria meu reino, que não era pouco.
Beijava-me por inteiro e queria como platéia o mundo inteiro.
No sol, sua pele morena ganhava as riquezas da era do bronze.
Bronze surreal, nem mesmo a natureza chegaria a tal.
Sem explicação entrou na ampulheta do tempo.
Fez-se deserto na minha vida.
Como as estações do ano, outras rainhas passaram.
E junto com a chuva surge a mais bela.
Meio ruiva, meio loira, representada pelo ouro.
Jura-me amor eterno.
O reinado entra em festa.
Não me deixa um só instante.
Faz amor comigo como furtiva amante.
É cúmplice e companheira.
É tudo. É o que me atordoa.
O tempo traz o frio. O frio vira gelo.
Ela desaparece, como o gelo no oceano.
Cansado entro num sono profundo.
Acordo disposto a ganhar o mundo.
Na taberna de “Toulouse-Lautrec” me afogo no vinho.
Na meia luz entre os plebeus, choro a solidão.
Alguém toca a minha mão: era ela.
Minha rainha de volta!
O beijo selava o reencontro.
Passamos a noite inteira juntos.
Mergulhamos nas eternas promessas do ser.
Tomamos a carruagem até o hotel do porto.
Amamos-nos como num sonho louco.
A noite sequer amanheceu e juras de amor eterno aconteceu.
De manhã nus a luz do sol, tiramos o disfarce.
Ela não era rainha, assim como eu nunca havia sido rei...
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