Dentro do buzão
A poltrona do lado tá vazia
É quem diria
Apenas o lençol me aqueceu
Tipo mister lonely eu
Poltronas duplas casais
Solitários eu fatos reais
Tentando deixar sinais
Pra ver se ela me nota
O motorista abre a porta
Lá vai mais dois de mãos dadas
Vários casais nas calçadas
E eu? Só eu e a estrada
Eu vejo a moça deitada
No peito do moço
Vários beijos no pescoço
E eu na minha poltrona
E eu no fundo do poço
Eu choro só de lembrar
Da última vez viajada
De quando peguei a estrada
Sentado ao lado dela
Nós dois olhando pela janela
A beleza da paisagem
Curtindo juntos a viagem
Sorrindo em meio a sorriso
Chamados de sem juízo
Por rir de tudo que via
Hoje a poltrona vazia
Remete-me ao sofrimento
De lembrar que a algum tempo
Meu amor a preenchia
Talvez meu sofrimento
Seja até denominado
E o peito dilacerado
Traga consigo a verdade
Essa poltrona vazia
Representa minha saudade
Mais a saudade é covarde
Não quer descer do buzão
Triturando o coração
Vem sentada do meu lado
Lembrando do cacheado
Que tens neste teu cabelo
A se eu pudesse vê-lo
Pulava no meio do caminho
Colocava te no ninho
Igualmente um passarinho
Que protege o que é seu
Embora não acredite
Meu amor nunca morreu
A se esse buzão falasse
Ele diria pra ti
Que eu chorei viajando
E que cada quilometro
Eu estava em você pensando
Se esse ônibus falasse
Ele mesmo diria
Que minha vida sem você
Está a maior porcaria
E se da minha cabeça
O pensamento saísse
Fosse pros lados subisse
No teto desse buzão
Tinha teu nome tatuado
Só corações grafitados
No piso e nas janelas
E as poesias, mais belas
Escritas pelos rastos dos pneus
Se os sentimentos meus
Fossem assim divulgados
No para-brisa do ônibus
Eu e você desenhados
No painel de lede
Escrito a palavra amor
E teu riso embelezando
O tal do retrovisor.
Tony Aldair Pereira Silva