LOLITA

LOLITA

Para a minha doce pet Lolita [2003-2017]

Por inumeráveis alvoradas,

a correr de felicidade pela casa,

hábeis patinhas

saltam aqui, saltam acolá,

ei-la! como uma lebrezinha!

Euforia pontual...

Por incontáveis madrugadas,

no corredor semiescuro,

ouve-se o ruído rompedor do silêncio:

um ‘riscadinho’ de ágeis patinhas...

‘Farejozitos sonolentos’ dobram

de lá , pra cá, e rumam

ao sanitariozinho higiênico.

Cênico ritual ...

Súbito, desatam-se os nós dos sonhos!

Pela vidraça entra uma Lucecita

a riscar a semipenumbra do quarto.

É manhã, é Pasárgada!

Em meio a miríades de cores,

Lucecita renascida!

Num bailado espiritual desenha no cômodo

a Ponte do Arco-Íris!

O perfume das flores do campo

afasta as dores;

em êxtase,

Lucecita sobrevoa,

salteando matizes,

junto a uma divina Saíra de Sete Cores!

Gentis visitas!

De algum modo

voltaremos a nos cruzar

nos albores de uma

nova história,

de voluta memória,

minha pequena Lolita.

E em multicor, riscada em lucecitas,

leio a escritura:

Cantar, dançar e celebrar

on a day like this!

Titio-vovô Sílvio Medeiros.

Campinas, é maio de 2017.