A casa amarela
Emerge de ictéricas paredes
acre cheiro de guardados
na amarelada casa
semi-habitada.
Eis a intrigante velha:
ovelha desgarrada,
olhos empoeirados;
retrato de um passado,
janela emoldurada
pelo tempo agora escasso.
Em seu semblante
ácido fel da cor do mel,
gosto amargo da saudade
de um utópico amor
- extinta quimera –
que ela quisera fosse (tão) real
como é a dor -
caixinha de lembranças
cuja bailarina gira e balança
ao som da dança de mais um dia.
Lenta agonia, fim da esperança...