A casa amarela

Emerge de ictéricas paredes

acre cheiro de guardados

na amarelada casa

semi-habitada.

Eis a intrigante velha:

ovelha desgarrada,

olhos empoeirados;

retrato de um passado,

janela emoldurada

pelo tempo agora escasso.

Em seu semblante

ácido fel da cor do mel,

gosto amargo da saudade

de um utópico amor

- extinta quimera –

que ela quisera fosse (tão) real

como é a dor -

caixinha de lembranças

cuja bailarina gira e balança

ao som da dança de mais um dia.

Lenta agonia, fim da esperança...

Cida Micossi
Enviado por Cida Micossi em 11/05/2017
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