GRITO
As lembranças de você são como abelhas polemizando flores
Que mantem meu equilíbrio vital e permanente
Mãos nos bolsos caminho na multidão
Eu anacrônico em um mundo vozais
O vento corta meu rosto nu
Neste momento não tenho a brisa marinha para suavizar dor latente
Apenas o barulho da pista de rolamento
Os motores gritam seu alento atroz
Não há nós presente
Somente ausência e saudade permanente
Não há o que dizer senão acelerar o passo
Uma espécie de seguir a diante para garantir a chegada
No horizonte distante percebo o quanto estou longe
O mundo ao redor começa a erodir por fim
Mantenho as aparências como uma ovelha diante do seu tosquiador
Disfarço o semblante descaído
Com um grito contrito em minha garganta
Eis-me aqui!
Rio, 31/03/16, em memória do meu filho Jay.