Saudade
Táta, ô Táta
Por onde anda você?
Vem, abre essa porta
Faz tempo que a gente não se vê...
Acende os gravetos no fogão
Corta a folha de bananeira
Amassa com tuas mãos aquele pão
E assa com teu jeitinho, à tua maneira...
O tempo passou, como passa o vento
Rápido, ligeiro, mas não esqueci
Da tua alma leve, coração imenso
Ainda sou menino, só na casca envelheci
Táta, ô Táta
Anda, vem aqui fazer pirão d'água
Linguiça na brasa, manteiga no pão
Não deixe a saudade viver no meu peito não...
Saiba que o teu menino
Não fugiu nunca da luta não
Cresceu e aprendeu vivendo
A reconhecer no outro um irmão...
Tudo bem, não tem nada não
A gente conversa, coração pra coração
Não somos só carne, mas pura emoção
E amor de verdade, ah, nunca acaba não...
Táta, ô Táta
Fique triste não, pois tua semente
Segue firme e forte na gente
Plantada, enraizada, crescendo, prá sempre...