Amarelo

Se eu pudesse parar o tempo, o faria.

Os raios de sol penetram o perímetro do quarto

Assim como os meus pensamentos penetram os seus.

Teu nome é saudade,

E as lembranças também.

Bebo da incerteza que o amanhã me serve,

Em bandeja de ouro, com um abraço apertado

E um sorriso calouro.

Eu espero que o tempo não passe.

Meus olhos vão te seguindo pelo recinto

É tudo tão suavemente doce, eu respiro.

A atmosfera transmite em partículas aquilo que sinto.

Esta vida um dia há de findar,

E quem sabe na próxima

Eu te conte segredos,

Que nesta não pude contar.

Hoje, porém,

Só peço-te para que dance comigo

Neste quarto amarelo,

De paredes risonhas

Que conversam enquanto escrevo.

O vento agita o olhar que me envolve

Do solo já fui, até então, tento voltar.

As três instâncias do tempo coabitam.

Amores perdidos,

Singelos sorrisos.

Papeis amassados

Corpos despidos, ou vestidos.

Com seda barata, em uma noite de quarta,

Em um subúrbio com escondido.

Lado a lado,

De um ou de outro,

Estaremos hábeis a lutar no amanhã.

Com essas palavras me despeço

Um dia talvez eu volte. Levantando, tropeço,

Nos teus lábios,

No abraço,

Nas cortinas vazias,

Do meu querido quarto amarelo.

O Não Poeta
Enviado por O Não Poeta em 28/03/2017
Reeditado em 29/01/2018
Código do texto: T5954622
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