O JARDIM ABANDONADO II

O JARDIM ABANDONADO II

Como entender o ser humano!

Forte... demolidor,

frágil,diante da natureza...

diante da suprema beleza.

O criador deu forma

à sua maior obra,

o jardim encantado,

dos lírios e das rosas...

Da natureza extrair você,

minha pequena floreira,

primeira, da entrada do canteiro,

triunfal... de minha aldeia

medieval...

Vejo a lua pertencendo à noite,

a estrela ao firmamento.

Surreal...

são altas horas

As imagem, metáforas,

símbolos se formando,

em minha mente...

na efemeridade de um tempo

dispersado por aí afora...

.

Ligando as imagens,

inspiradas...

vivo agora

em uma outra dimensão,

os grandes portais,

colossais...

de uma outra cidade

um frenesi de entra e sai,

e aquela brisa refrescante,

que sopra...

sem identificar

latitude ou profundidade,

apenas brilho, luminosidade,

maciez prazerosa,

que brota num descanso,

neste oásis paradisíaco

saciando-me em suas fontes ornadas.

Sinto-me protegido, amado

neste imenso céu levitado.

Percebo,

que todos estão felizes,

ao se banharem e se fartarem

ali, naquela fonte luminosa...

São tantos, que sem contas

fico.

Nunca antes lembro

ter identificado,

distinguido em lugar nenhum,

tal miragem,

Uma voz macia me percebe...

chega perto,

bem direto,

como se fosse de casa,

Pergunta...

- Não é você o meu jardineiro?

Calmo ... sem nenhuma lembrança atroz,

Você me encontra, percebo suas intenções

ao me reconhecer,

deixa transparecer

sua louca e ávida saudade

a mesma ...

que a sua maldade

me faz lembrar,

refém de uma doença

da qual escapei.

Você diz:

- Quero cuidar de você ...

Senti e lembrei ...

Era o mesmo exalar

do perfume das flores

a mim entregues ...

naquele castelo.

Disse-me agora:

- Você,

pode escolher ser violeta,

ser regado por mim

todos os dias,

no meu jardim.

-Serás meu preferido,

protegido, neste paraíso ...

- Serás recompensado

pelos longos e solitários desejos...

Que se dissolveram

no nada da louca saudade,

Que te atormentou... !

- Não, Violeta!

larguei tudo,

louco fiquei!

Mas louco, fiquei por amor...

Todos nós temos um pouco

desse amor louco,

sem esse pouco para sobreviver,

ninguém conseguiria... viver!

E agora,

queres me dar a tua loucura?

Nada terás,

do meu direito

Serás ...

prisioneira da espera ...

Mas, ao pisares

neste jardim

louca ficarás

eterna...

ao regar para sempre...

esse oásis,

por mim...

Autor: Jose Maria Pessanha / Aprendiz das Letras – 23/04/2011