Sofrência poética
Ah, o velho bar da esquina
De terça a quinta me via passar
Me via beber para aliviar a tensão do desamor
Aliviar o veneno da alma que mantinha com calor
A viva melancolia de perder versos sem pagar
Ah, o velho bar da esquina
Que toda vez eu me sentia puro e genuíno
Quando colocava na mesa os desalinhos
De pensamentos impróprios para uma mesa de bar
Aqui e ali eu tentava parar
Ah, o velho bar da esquina
Que me viu com papel e caneta sem tinta
E com um lápis eu apagava tudo que falava de você
E tentando reescrever minha sina eu queria me perder
Para me achar falando de outra menina
Ah, o velho bar da esquina
Que curava as dores da minha vida
Rimadas entre ir embora ou ficar
Entre o ódio e o amar
Entre minha vida na rua e o aconchego do meu lar
Ah, o velho bar da esquina
Que vivenciou cada página do meu desespero
Amparando com muito respeito cada papel
Que eu escrevia pensando se era um cordel
As história que tentei esconder por puro medo
Ah, o velho bar da esquina
Que me viu sentado, humilhado e cansado
Todos os dias em que você esteve ao meu lado
Foram as páginas de rancor que fiz teus versos
E agora espalho por cada mesa que eu rezo
Ah, o velho bar da esquina
Que com muita paciência esperou eu sair
Para que no outro dia pudesse sorrir
Quando com tantos outro lamentos eu voltaria
E mesmo chorando fazer tudo aquilo com alegria
O velho bar agora fechou
E tantas páginas rasgadas nele ficou
As mesmas que falava sobre você
As que falavam de amor
E que nunca cansei de escrever
As velhas lembranças estão ali
Intactas pelo tempo
E assim para sempre será um alento
Quando pensar que escrevi num momento
Em que minha poesia esteve sincera
Esteve em harmonia e à espera
De uma outra menina roubar meu coração
De roubar meu defeito de se apaixonar
E de escrever em palavras o que não posso falar