Pelos Olhos
Pelos olhos, esta porta da alma aberta,
Entra o silêncio louco, na noite deserta.
Agarrando-se na surdez das horas idas,
Alucinado, clama pelas alegrias tidas.
E o tempo, este fazedor de saudade,
Antítese, começo e fim da eternidade,
Tão Indiferente à dor de quem a sente,
Esteriliza todo sonho na mão dormente.
E pelos caminhos por onde passa o tempo,
Como grafites desenhados na tela da face,
Ficam as marcas dos olhares como lamento.
E ainda que a timidez do riso largo disfarce,
No ritmo do tempo, em compasso de alento,
Oculta o peito a dor que no coração alarga-se!