Tempo de Ir
Quero de volta
O tambor de lata, o cordel, meu pião,
O carretel, minha pipa, chinelo e meu calção de brim.
As fogueiras de São Pedro, Santo Antonio e São João,
Aqueles bancos, minha praça e os pentes de marfim.
Uma bola de capotão, grito, xingo e o som do apito,
A Paredão, a quermesse, tanta gente e tanto agito.
Quero de volta
As cruzadas, guerras de cana de milho,
As fisgas, os anzóis, as iscas de capim.
Olhar o trem desaparecer no trilho,
Correr na chuva, nadar na poça d’água,
Ouvir histórias de meia-noite e dos serafins,
Aquele medo do escuro e de ser só,
O alto da figueira e o balanço do cipó.
Quero de volta
Afundar meus pés no barro,
As toalhas alvejadas do varal de minha avó.
Pé-na-lata, pique e água dos jarros,
Galopar no meu cavalo imaginário,
No caderno rabiscar o meu cenário,
As figurinhas, o bate-bafo e escravos-de-jó.
Quero de volta
Comer goiaba bichada, manga na mangueira,
Laranja no pomar alheio, escalar jabuticabeira,
Andar descalço pelos campos verdes
Fazer balanço no galho da paineira,
Laçar mourão de cerca e escalar paredes.
Quero de volta
Sentar-me a beira das estradas,
A tradução dos redemoinhos de vento,
As histórias em sonhos inventadas.
Nas mãos, guardar aquele momento,
Minha mochila, meu boné, meu adeus.
Meus segredos e um pouco dos seus.
No meu tempo .... de ir!!!
MAReis