AO MEU PAI
Ali no jardim da saudade
Há mais uma flor, meu pai.
Prematuro na eternidade.
Se virdes seu túmulo, orai.
Não por ele, por mim.
Preciso muito mais.
Ele partiu tão sereno,
Enquanto eu aqui jaz.
Encontrou c'o Nazareno
Que tanto amou na vida.
E eu assim, tão pequeno,
Quanto breve sua partida.
Como pode, um gigante,
Caber em estreito jazigo?
Como posso eu tão exíguo
A alcançar a eternidade ?
Como pode uma saudade
Falar com tanta eloquência?
E eu aqui, triste e carente,
Suportar a sua ausência?
Mas um dia serei resgatado,
Pelo imenso amor do Pai.
Enfim com ele, lado-a-lado...
Se virdes outra flor, orai!
Não por nós, mas por ti.
Quando findar sua jornada,
Lembra, teu lar não é aqui!
Disse Jesus: vou ao Pai,
Vou preparar-vos morada!