RELATOS
Na sombra do vale, há uma casinha pobre,
Há uma estrada se esticando pela serra...
E uma linda sertaneja na janela...
Há um homem a fitar, qual atalaia,
O cafezal que pelo sítio se espraia...
Já é a tarde que no val desmaia...
Lá do lado do rio onde a lampa treme,
Eu ouço um violão e a voz da Irene...
Ouço a coruja a reclamar no escuro,
E um pranto vem-me aos olhos...
Eu me seguro...
Não choro por ninguém!:
O pranto é uma saudade de um dia
Que eu ainda era criança, e não sabia
O que era ser feliz...
Não havia em mim tantos desejos,
E eu não via a poesia que hora vejo...
Não via o meu futuro!
Porém, do meu passado ainda me lembro:
As dores que eu senti, o que vim vivendo...
As horas que eu perdi...
Das minhas tardes vem em mim a fossa,
De um olhar na janela, e a minha roça...
Da estrada e do rincão...
Vêm as mágoas que deixei pelo caminho...
Só das rosas que eu vivi, alguns espinhos
Ainda dói-me ao pé, quando retorno.