O Curumim e os peixes
O índio nas manhãs
remava a canoinha,
a fisgar curimatãs
e muitas sardinhas.
Tempo de curumim
à beira dos lados,
pescando tambaqui
e grandes fidalgos,
que assava juntos
às grandes manjubas,
o pirão de farinha
e os potes de cujubas.
Ah! O mês de maio!
Época do jaraqui,
cardumes em ensaio
a dançar ali.
Chegava julho,
vinha a piracema,
ninguém era panema,
os velhos com aracu,
pacu não era problema,
Mas não via o pirarucu
vivo ou salmourado...
O índio cresceu,
veio ao Xingu,
o amazonas, deixou,
amou outro pacu,
o tal seringa,
que dá na maré.
É igual pirapitinga,
ou tucunaré,
pescado em escala
feito pescada.
Ah! Tempos d’avó!
Da fartura de peixes:
tamuatá e bodó.
...do pixé de tabaco,
na oca de cavaco.
E ao fim da tarde,
no subir da maré,
banhava nu
na calma do rio,
tirando o pitiú.
...Lá ainda mora
de dia e de noite,
não em corpo...
só nas lembranças
do pensamento
como contento.