NÃO É DE LUA, NEM DE ESTRELA
Esse poema não é pra falar nem de lua nem de estrela.
É pra falar de pó.
Duma estrada do passado.
Um caminho tão pisado.
Meu coração ficou marcado.
Pela estrada.
Por quem pisou.
Nesta estrada as pegadas de alguém que tanto amei ficou.
Pai, seu riso mora nesta estrada bucólica.
E o pó?
Pó é o que somos e só?
Pai. Tem hora em que me sento ao relento.
Ficou recordando tanta coisa vivida.
Como tive uma vida comprida!
Tem horas em que eu olho pra trás e vejo nos varais os embornais.
Vejo as varas de pesca.
Vejo uma menina sorrindo.
Ela corre, pai...
Corre como naqueles dias.
Eram dias de alegrias.
Tão arteira; tranças longas, sardas na face, e sempre se entregando inteira.
Mão e pé tão fininho.
Corpo miudinho.
Lembro que ela lhe punha maluco num instante.
Com seu jeito petulante.
Pai, essa menina que eu fui nunca morreu no meu peito.
E enxerga um mundo tão lindo.
Um mundo que nem todo mundo consegue ver.
Um mundo sem defeito.