SAUDADE CHAMADA MÃE

Que vão é esse?

Entra na goela

percorre minhas veias

e desagua no meu peito.

É o grito silencioso

que trava a garganta

e agita os olhos.

Partiste? Sim.

Mas parece que

ta aqui, espalhando

em cada canto

o nome Mamãe.

Partiste mesmo? Não.

Sua carne perambula

pelo cômodo no relógio.

Ainda sinto a presença

tão firme de sua figura

como um retrato que se deixa

sobre a mesa do escritório.

Ninguém mais olha,

mas sempre está ali.

Eu sinto que está e olho firme

com olhos fechados de saudade.

Chove muito agora e

Nenhum vento nem água

leva a solidez que deixaste

nem seca as águas que ficaram

com tua partida.

Águas do meu sangue.

Suor dos meus olhos.

Não ouço mais a suspiração

do abraço nem o soar da barriga

quando eu me deitava sobre vós.

Vós que, sendo uma, foste tantas

E agora não passas de

carne fria e punhados de

lembranças, que com a firmeza

com que seguro

se desvanecerão

com a certeza do

passar do tempo.

É fria como essa noite

que esvazia minha vista

recolhendo o orvalho

das 4 horas da madrugada,

cujo negror noturno

jamais verá o sol

iluminando no horizonte

do meu corpo

novamente.

T Alves
Enviado por T Alves em 29/12/2016
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