Entendi
Que não existem mais pedras
Que o tempo passou
Que não há mais tempo
Que o tempo acabou
Que as tardes se foram
E o vinho tinto secou
As malas estão vazias
De pontos finais
Que não há mais perguntas
Que as noites de insônias
Agora são tão reais
Que o vento soprou
Que agora eu existo
E a graça acabou
Que o desespero é real
E a tentação indecente
Emana o desejo carnal
Que eu tenho que esquecer
O que nem tive de fato
Que na verdade do dia
Vesti de vermelho
Aquela imensa agonia
De não mais te ver no espelho
Que o mar ficou maior
E nosso barco se foi
Que mesmo sabendo que eu ia
Fiquei sedenta de amor
E por teimosia
Ainda trago essa dor
De saber que entendi
Que preciso escrever
Para não mais sentir
O que o corpo quer dizer
Agora entendi
O que eu não queria entender
Vou fechar o meu mundo
E da janela eu pergunto
Como posso viver, esquecer
Algo tão perto e tão junto?