VOZ DO SILÊNCIO
Antes que a noite chegue…
Antes que o dia se vá…
Antes que todos falem…
A vida está a passar…
Passa corriqueiramente!
Não deixa tempo nem espaço!
Vence no tempo sem fim…
De uma espera de graça.
Cada tempo que se perde…
Conta um tempo que se vai…
Faz um retrato franco…
Daquilo que é fugaz.
Liga por partes de um fio…
No fio finito da vida…
Conta para quem queira saber…
Que tudo está a se esvair.
Vem com lança cortando os ares…
Limpa espaços de tempo…
Sabe que não há gotejar…
Apenas rasgar aos ventos!
Passa como nuvem cinza…
Num céu negro de tormenta…
Cai como chuva forte…
Numa tempestade violenta!
Rasga a noite escura…
Em relâmpagos de pânico…
Atiça o medo presente…
Transforma o claro em trevas!
É contato visual…
Que queima a retina lenta…
Dilata-se como uma sombra…
E deixa um som de lamento…
Permite ser assim a noite…
Que cala a voz do silêncio!