"Não há vagas!"
A Literatura brasileira ficou mais pobre hoje.Partiu para outra dimensão nosso amado Ribamar,o Ferreira Gullar. A poesia abaixo, dá a dimensão do poder de perspicácia e sabedoria que pautou a Vida desse gênio! Um poeta que viveu além do seu tempo! Sua poesia sempre repleta de indagações e mexendo com nossas mentes para refletirmos sobre os acontecimentos do nosso dia a dia!
"O preço do feijão"
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
– porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira.
A Literatura brasileira ficou mais pobre hoje.Partiu para outra dimensão nosso amado Ribamar,o Ferreira Gullar. A poesia abaixo, dá a dimensão do poder de perspicácia e sabedoria que pautou a Vida desse gênio! Um poeta que viveu além do seu tempo! Sua poesia sempre repleta de indagações e mexendo com nossas mentes para refletirmos sobre os acontecimentos do nosso dia a dia!
"O preço do feijão"
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
– porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira.