Para Meu Próprio Assombro

Treinando estou por uns dias

A viver longe do ar da Ceci.

Mais que receber, procuro dar alegrias,

Consolando desamores, tudo que já vivi.

Solto-me do despenhadeiro da mente quadrada,

Flutuo nas nuvens fofas da imaginação,

Mesmo longe da mulher amada,

Solto todo amor de meu coração!

Para te alcançar, amigo leitor,

Que assíduo é de meu versejar,

Seja em que momento for

Fecho um olho e me ponho a mirar...

Não pra você, amigo que sofre,

Mas pra bem fundo de mim mesmo,

Meu segredo tiro da mente-cofre,

E não o lanço ao vento a esmo.

Procuro plasmá-lo em palavras redondas,

Deixo-as fluir em som macio, como ondas,

Espumando em brancas bolhinhas,

Representando as mil letrinhas!

Minha mente obedece ao seu amo,

Busca nos arquivos direitinho, não reclamo!

Na fogueira da digitação colocando lenha,

Para que acesa as asas da imaginação, mantenha,

Busco o cintilar "de los recuerdos" cravados.

Lustro-os com ternura e deixo-os dourados!

Meu Ser se expande ao infinito,

Na viagem o que vejo deixo escrito.

Escrevo rapidamente no teclado encardido,

Meu monitor embaçado de tanto olhar,

Mouse clica e corre desenibido!

Meu Deus, quando vou parar?

O leitor amigo não quer coisas sem valor,

Escritas jogadas de qualquer jeito,

Quer versos que lhe arrancam o amor,

Que choroso ou feliz esconde em seu peito!

Relaxe, escute o som de meus versos,

Ouça com seus aguçados olhos atentos,

Libere seu continuo de pensares perversos,

Coloque seu mental a serviço dos sentimentos!

Investigue, se interesse, assimile, conheça!

Vibre, se identifique, se entregue, se aqueça!

Venha se colocar em meu lugar. Estou aberto!

Venha se aquecer, este pode ser o lugar certo!

Sou simples, trabalhador, sem muita posse,

Talvez dela já me liberei precoce,

Pois ao alaúde não poderei levá-la,

Junto a minha futura solitária vala!

Chega deste assunto macabro,

Vamos animá-lo, ver se sua moral levanta!

Sorria! Assim mesmo, veja como abro!

Mostro os dentes sem pudor, até a garganta!

Ah! "peraí" esse assunto me fez lembrar,

Daquele sorriso de olhos verdes do mar!

Me fez remeter de novo pra ela...

Não me engano posando-me de tagarela,

Soltando a Alma, buscando tomar-lhe a atenção!

Fazer hora aqui com o amigo despreocupado,

Que ansioso e até meio enfadonho espera a emoção!

Perdoa-me amigo, acho que vou ter que ficar calado

E deixar de lado esta minha grande pretensão!

Desculpe-me por ter sido tão leviano,

Tomando seu precioso tempo em vão,

Juro que este não era o meu plano!

Docemente vou perdendo velocidade,

Suavizando minha digitação...

"Gastura" sinto na minha mediocridade,

Por hoje não dar nada ao seu coração!

Como dizia no início, tentando me enganar,

Pensando que a você amigo, eu pudesse confortar...

O que faço, me diga... se a poesia está secando,

Longe dela, com a saudade me gelando?

Na verdade, para meu próprio assombro,

Quer saber o que vim buscar aqui?

O que preciso do amigo, é seu ombro...

Que me console a falta da Ceci...