A BARCA DAS LEMBRANÇAS
Sai a barca barcarola levando a moça rola,
suavemente a sonhar...
Há neblina, é fria e fina
por sobre o lago
e vago em meus sonhos
sonhados que são entre os salgueiros.
E os primeiros sons da noite
soam dissonantes.
A tarde cai difusa e usa a última luz
para iluminar a barca deslizante.
Chorões choram suas folhas dentro d’água
como mágoa de um coração distante.
Fala baixo...
a água apenas rumoreja
e veja, nada perturba seu deslizar.
E desliza a barca barcarola
levando a moça rola sozinha a navegar...
Da barca a madeira estala
e fala dos tempos vãos.
Vão-se longe os pensamentos,
ventos que são dentro do tempo
a recordar o que foi.
Apenas tremula a água que arrepia e rodopia
nas ondas que faz o vento,
lento que é no seu caminho
sozinho a soprar.
Moça rola cantarola na barca barcarola
canções de amor e saudade...
Passa, passa “soledade”
Deixe que ela fique a cismar...