SONHOS FEITO EM PALHA
Velha esteira de palha,
No esgaço de tuas louras tramas,
encerra idade que não a talha,
Mantendo-se impassível e não menos bela,
Ainda engana o tempo que não a revela.
Velha esteira de palha,
Novo dia, vida, sol que raia,
Banhando-a, estendida,
Sempre à beira da minha praia.
Velha esteira de praia,
Tranças de sonho e de palha,
embalando vivas lembranças,
Na mira deste mar, rente à beira,
Filigranas de sal, tocada por grãos de areia.
Ah.. velha esteira de palha,
A beijar o chão desta praia,
natureza imaginária que encarna a vida que não a contém.
Emoções que brincam, e brindam.
Sem compromisso e com desdém.
Como o mar, naquela areia,
Quebrando ondas,
Num interminável vai e vem.
Sonoridade que encanta.
Bela sereia como canção se faz,
Raios de luz,
Recanto de paz.
Assim como a palha desta velha companheira,
Idosa senhora que em tramas se apresenta,
Também os sonhos e as lembranças.
E tal como no coração de uma criança,
Arrisco, sempre, aquela infância,
que me toca a alma por inteira,
Doce flagrância...
Ah! velha esteira de praia,
Sonhos feitos em palha...