Lembrança



Quem morre,
É como um pássaro que se lança num abismo
E nunca mais pousa.

Gosto de olhar para o céu
E pensar em voos eternos,
Asas que movem-se, abertas
Por sobre a saudade dos vivos.
Estranho, como nos tornamos
Tão próximos de quem se vai,
Pois é possível, sempre,
Olhar para cima e revê-los,
Abranger distâncias 
Através dos pensamentos.

E essas águias que planam,
O que sentem?
Escutam as preces sopradas,
Ou pairam sobre as saudades
Num voo longo e solitário
Sem pousos, sem sofrimentos,
Adormecidos?

Mas há manchas no azul,
Há sombras dentro das nuvens
E um brilho diferente 
No meio de cada estrela.


Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 31/10/2016
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