AGUAS TURVAS
Turvaram as águas do rio
Naquela tarde malsã
Tingidas do sangue inocente
Dos passageiros e gente da TAM
Turvou-se o céu em São Paulo
O ar de chumbo pesado
Do cheiro e fumaça dos corpos
No fogo, carbonizados
Turvou-se a esperança
Das famílias despedaçadas
No silêncio dos líderes fracos
E na morte anunciada
Turvou-se meu coração
Pelo desespero atravessado
Perdido no silêncio e escombros
Do avião sinistrado
Turvou-se minha alma
Caída na tarde enlutada
Queimada de indignação
E da dor extravasada