EU OUVI TE AMO?


         Desfalcadas mãos de piedade
           me golpeiam o desvalido coração.
           Sinto saudades até do nunca ouvi
           e um vazio me oculpa as mãos.

           Ver-se indo, em vida,
           as lembranças inconfessas 
           - do eu te amo jamais dito e gritado pelas ruas - 
           é como punhaladas às costas. 

           Traiçoeiro é todo amor não revelado.
           Boca muda, solidão de alma, 
           nas noites perenes e brandas
           onde não vale mais um amor ardente
           que a segura vida do amor dia-a-dia. 
           Adiam-se sonhos como se as nuvens 
           não fossem voláteis e não desenhassem 
           no céu um outro instante, a cada segundo. 
           Mãos vazias enchem-se do nada? 
           Não pode um ser sem amor ser cheio 
           e viver de seus inconfessávais desejos
           sem que lhe persiga a feiura. 

           As mãos se estendem pias, castas,
           mendigam que lhes caiam
           os amores que lhes faltam.

Divina Reis Jatobá
Enviado por Divina Reis Jatobá em 25/07/2007
Reeditado em 07/07/2008
Código do texto: T578935
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