Alma do Macauense
À noite, arrebate-me as lembranças de meus amigos,
Que como eu frequentava a minha Macau,
Nos anos idos que morei e enterrei
A minha alma nesta terra,
Voltando a bordo da nave dos sonhos,
Transporto-me para lá.
Com lágrimas nos olhos
Me pego olhando o Rio Piranhas,
Deixo-me que as narinas
Sejam dominadas pela aurora
Do ar da puberdade,
Que paira, reverbera e revitaliza,
A Rua Gameleira, Rua do Poço, Marechal Deodoro,
Que foi o meu território.
Subo a rampa da empresa Matarazzo
E estaco um momento na entrada
De uma velha barcaça
Onde brincávamos quando criança,
Fecho os olhos e vejo todos sorrindo,
Rindo, rindo das travessuras da infância.
O velho mercado onde se vendia de tudo,
As riquezas dos sindicatos,
As retretas nas tardes de domingos,
Os cinemas “Dois irmãos” e “São Luiz”
Os carnavais do Lions Club,
Futebol onde tínhamos o ABC,
América, Flamengo de Dona Pretinha,
Campeonato de Blocos,
A Rua de Lazer, Os Diplomatas,
A velha Praça da Conceição
Onde conversávamos de tudo e de todos,
O ASPUMA... Que saudade.
Enfim éramos felizes na terra das salinas.