Fachada

Sinto saudades da fachada que a memória esmaece,

Vejo um amarelo pálido,

repleto de rostos na janela e pezinhos no canteiro

Tatus bolinha, já não os vejo mais,

nem a árvore baixa em que me pendurava esperando justas guerras,

a porta que levava aos fundos de muitos segredos,

onde vidas foram iniciadas.

Os festejos tornaram-se progressivamente anêmicos,

a dor instalando tão devagar,

que a falta de uns e a presença da outra nem se notava,

enquanto a velha casa adormecia...

Então aprendi que das casas dormentes se apoderam as heras,

ou a elas sufoca a modernidade, em camadas.

Queria uma foto que fosse

que reavivasse o braseiro,

ainda que apenas de lembranças,

mas elas, como eu, são tênues passagens,

não deixam marcas indeléveis.

Marcelo FAS
Enviado por Marcelo FAS em 29/08/2016
Reeditado em 19/12/2021
Código do texto: T5743503
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