Fachada
Sinto saudades da fachada que a memória esmaece,
Vejo um amarelo pálido,
repleto de rostos na janela e pezinhos no canteiro
Tatus bolinha, já não os vejo mais,
nem a árvore baixa em que me pendurava esperando justas guerras,
a porta que levava aos fundos de muitos segredos,
onde vidas foram iniciadas.
Os festejos tornaram-se progressivamente anêmicos,
a dor instalando tão devagar,
que a falta de uns e a presença da outra nem se notava,
enquanto a velha casa adormecia...
Então aprendi que das casas dormentes se apoderam as heras,
ou a elas sufoca a modernidade, em camadas.
Queria uma foto que fosse
que reavivasse o braseiro,
ainda que apenas de lembranças,
mas elas, como eu, são tênues passagens,
não deixam marcas indeléveis.