Silenciosa saudade
Silenciosa saudade,
emoção esquecida,
sentimentos dispersos,
força esmaecida nas memórias de outrora,
percorre minha veias o fel da solidão,
o gélido gume do abandono ao relento,
portas fechadas em todas as casas,
percursos sem orientação,
bússolas quebradas pelas viélas,
nenhuma sinalização à frente,
somente a escuridão de noites sem fim,
amores como tristes recordações,
incredulidades de um passado maldito,
cantado em prosa e verso na ausência,
gritando alto no éco de sons dissonantes,
perdendo-se no vácuo de terraços vazios,
numa cidade de fantasmas indiferentes,
olhos cegos às dores alheias,
ouvidos surdos aos clamores de ajuda,
sensibilidades congeladas na berlinda do tempo,
julgamentos e condenações sem propósitos,
mantendo podres poderes na cadeia dos párias,
enquanto a vida tropeça em si mesma,
seguindo cartas amassadas no fundo de uma caixa...