Faça-te Estrela!
Na solidão do quarto aberto na noite que me pertence,
Chegam-me as memórias construídas sob a luz da lua,
E na ânsia por trás de cada por sol, ainda que eu pense
Ficam, como tatuagem, mistérios em cada palavra nua.
Na transparência da janela descortinada, os olhos ficam
À espera da estrela que mate na boca a dor da ausência.
Ainda que um fio de brisa deslize como carícias às mãos,
Restam-me indistintas as vozes abrigadas na consciência.
Aquelas palavras escritas nas palestras das mesas fartas,
Aqueles abraços trocados na cruz dos nossos caminhos,
Aqueles silêncios feitos dos cansaços dos nossos carinhos,
É agora uma montanha de lembranças que não me aparta.
No balanço das nossas alegrias e dos nossos desencontros,
Sobram-nos os momentos de olhos, de bocas e de abraços,
E por mais que a lua sonhadora queira abrir o sol em nós,
A distância e o tempo são arquitetos na construção dos sós.
Volte! Faça-te estrela, entra pela janela aberta do quarto,
Nesta noite que nos pertence!!