QUANDO AS PORTAS SE FECHAM

Quando as portas se fecham

Num último olhar pra janela do quarto

Varanda despida de cores objetos

Exalado suspiro, despedida silenciosa

Bate-se o portão, concretizando o adeus indesejado

Folhas mortas pelo vento

Cobrem o quintal sem balanço

Putrefatos frutos jazem ao chão

Alheios a indiferença dos pardais

Grades dolorosamente corroídas

Contam os verões

Enumeram as tempestades que desbotam as paredes

Paredes nuas, cruas de sentimentos perdidos

Arabescos, profundamente rachados

Formam estranho mapa da imaginação

Sol a pino, passos pela calçada

Aragem fria, mofada e úmida

Saí do corredor lateral

Impregna as narinas

Com o cheiro adocicado da morte

MORTE...

Casas também morrem

Casas também morrem de saudade...

NADIA DE SOUZA
Enviado por NADIA DE SOUZA em 20/07/2007
Código do texto: T571902