QUANDO AS PORTAS SE FECHAM
Quando as portas se fecham
Num último olhar pra janela do quarto
Varanda despida de cores objetos
Exalado suspiro, despedida silenciosa
Bate-se o portão, concretizando o adeus indesejado
Folhas mortas pelo vento
Cobrem o quintal sem balanço
Putrefatos frutos jazem ao chão
Alheios a indiferença dos pardais
Grades dolorosamente corroídas
Contam os verões
Enumeram as tempestades que desbotam as paredes
Paredes nuas, cruas de sentimentos perdidos
Arabescos, profundamente rachados
Formam estranho mapa da imaginação
Sol a pino, passos pela calçada
Aragem fria, mofada e úmida
Saí do corredor lateral
Impregna as narinas
Com o cheiro adocicado da morte
MORTE...
Casas também morrem
Casas também morrem de saudade...