QUE SAUDADE...

Ah...que saudade da poesia simples,

onde rua rimava com lua,

e nela os amantes

passeavam suas almas nuas,

sim, como elas vieram ao mundo,

arrebatadas pelo amor em estado profundo...

Que saudade de por os olhos em versos

que descansavam no papel, abstraídos de si,

em quantos vi sonhos feito naus, submersos,

quanto de poesia naquelas palavras eu li...

Saudade, um lugar distante onde moram as lembranças,

onde viajamos de trás para a frente, num trem vagaroso,

ali encontramos nossas pegadas, nossas faces de criança,

a poesia, rabiscada no chão de lama, como era gostoso!

Diga-me cá, se a poesia é só uma velha senhora

que apascenta seus netos ralhando bençãos benditas,

ou se foi o tempo que gastou demasiadas horas

com versos sanguíneos em vasos cheios de vida?