Rogo-te, Mar!

Rogo-te, Mar!

Rumo, alheio, à costa transpondo a falésia

Numa ofegante escalada solitária e enxergo

O mar que saúda rugindo a sua eterna dor

De encarcerado pelas altivas montanhas.

Como louco, se arremete na vã esperança

De se libertar desta cela verde sufocante.

Desço, perigosamente, as veredas sinuosas

E junto à sua orla irregular, toco-lhe suave

Com minha mão trémula de frio e medo.

Rogo-lhe que se aquiete. E o mar se esvai

Em gotículas lacrimosas e doridas de sal

Que me envolvem em nevoeiro condenado.

Sussurro ao mar, que se evapore no éter

E leve a essência de meu toque na chuva

Até longínquas paragens do sul e se liberte.

Quem poderá dizer que uma pequena gota

Caia de mansinho nos lábios de minha amada

E a beije, com amor, na ternura de mim?

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 03/08/2016
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