Aceno da despedida
Achei que não voltaria mais aqui
não pelo tempo, mas pelo que eu vivi
pelos flagras que dei
por palavras que falei
agora tenho mais o que fazer por aqui.
Aquele meu amor pegou outro cigarro,
deu meia volta e se foi com o carro
pude ver ali que não me faria falta
mas ainda é pelo que meu coração pauta,
então foi ali que percebi
que soltei a mão do futuro que investi.
Seguinte, sei que as fases todas passam
mas só de ver aquelas fotos, os olhos já embaçam
não me arrependo das coisas, de nada
nem daquele tchau acenado da minha sacada.
Gasto um certo tempo comigo pensando,
escrevendo uns versos aqui e cantando
sobre o que seria de agora
se estivesse aqui e não com outro lá fora,
e sabe, ainda fico um pouco mal
por saber que não precisávamos de nenhum final.
Tem horas que também olho pro passado
e vejo que pra nada daquilo eu tava preparado
que esse seria diferente de qualquer ano
e que deu ruim pra tudo quanto é plano,
ter filhos, trampo e viver com você sossegado
só que esse futuro já foi enjaulado.
Às vezes queria que me entendessem mais,
que não lessem essas coisas e só olhassem pra trás
me vissem deslocado em pleno alto mar,
mas enfim, vou continuar.
Sei lá, acho que valeu a pena
apesar dessa lembrança que me envenena
tivemos momentos confortantes
incluindo alguns até um pouco estressantes.
Eu cresci,
pude ver bem nesta manhã,
aprendi
a valorizar o certo e deixar o duvidoso
e vivi
parte do que sempre quis
e não desenhos bobos no quadro feitos com giz.
Não terei mais pelo que esperar,
só de pensar nas coisas, começo a congelar
não esperei que seria assim,
que até pra isso já escreveram um fim
que já fui propício a loucura
mais do que você com esse tal medo de altura.
Esse vazio que sinto nem é tanto por você,
é mais por deixar no passado
um poema que queria viver.