Serei sempre a metade da nossa canção

Por tudo o que mais é verdade, eu me sinto a metade dessa paixão

Pelos cursos da vida, ferida que arde, eu me acho metade de um coração

Por chorar e sorrir de saudade, eu me vejo metade dessa escuridão

De saber que chora à vontade, me refaço metade nessa solidão

Por olhar e não ver minha vontade, eu me perco metade nessa imensidão

Pelas sombras gentis dessa tarde, eu só tenho metade da minha emoção

Por colher e beber crueldade, eu me encontro metade de uma fração

De sentir no peito a cavidade, eu cativo em metade da nossa prisão

Tão distante e diante claridade, recordo a metade da constelação

Me reduz, me divide à paridade, multiplica a metade dessa adição

E se rir... rir do que? Da maldade? Uma tola metade desse bobalhão

Se chorar, chora a voluptuosidade, mesmo que só metade desse chorão

E amar, amo sim de verdade, mas só resta metade dessa afeição

É por tanta indivisibilidade que em meia metade suplico perdão

Pois sem tua afinidade, serei sempre a metade da nossa canção

Que se canta num canto que invade e preenche as metades em erupção

Krummel
Enviado por Krummel em 01/07/2016
Código do texto: T5684260
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