Sem título
Talvez um dia eu saia daqui,
desse muro que revesti...
olhe para janela e contemple o abismo,
o sol que se levanta
e o tapa que me persegue.
Talvez a escolha não me seja dolorosa
e não se ponha a amargura
a desentender meu coração.
Compreendo suas vozes,
mas preferi me esconder,
nas ondas perdidas
que não me levaram a lugar nenhum.
Meu coração, estupefato, se endureceu
e uma áurea fria se dispersou
em um espectro do meu corpo
que andou por todas as direções,
sem nada específico para se ater.
E nem de escrever ou ler ou criar eu vivo,
apenas me afirmo vivo
e de destino caminho para um objetivo,
num futuro disperso que está bem ali,
mas não sei como alcançá-lo...
como largar meus vícios
e me lançar nos ventos eternos
das lutas intensas
pela liberdade de ser.
Eu sou o tempo e nada mais,
recomeço, novamente, tentando me aplicar.
Agarro-me as memórias e sofro com minhas feridas...
como dói estar vivo, sem contar nenhuma história.