QUE FALTA ME FAZ

QUE FALTA ME FAZ - João Nunes Ventura-06/2016

À tarde que morre

À noite que vem,

E eu sem ninguém

Pelas ruas a vagar,

Nas ondas do mar

Das noites brilhantes,

Os belos amantes

Namoram ao luar.

E o toque do sino

Na torre da igreja,

Que o santo proteja

Quem além foi morar,

Com o canto da viola

Na luz da oração,

Seu triste irmão

Na campa a rezar.

Toda minha ternura

Do céu de azul,

Que as chuvas do sul

Visitam o sertão,

E o rio que corre

Nos braços da terra,

Que nasce na serra

Que banham o chão.

Que sombra cheirosa

Que bela alvorada,

Da nuvem gelada

Que o pranto chorou,

Que criança a correr

De pernas ligeiras,

Vindo das cachoeiras

Atrás do beija-flor.

A queixosa asa branca

Ao conforto do ninho,

Pelo mesmo caminho

Regressa a seu lar,

A floresta sagrada

Da vida seu berço,

Que desde o começo,

Ouviu seu cantar.

Do sabiá que canta

As horas primeiras,

E as folhas rasteiras

Que adubam o chão,

O peito que anseia

O doce da mocidade,

Que no final da tarde

Encanta meu coração.

Da viola os gemidos

No canto a melodia,

Das aves a sinfonia

Nas manhãs saudosas,

E a noite apaixonada

No capricho e queixume,

E o gosto do perfume

Seus lábios de rosas.

Do olhar intenso

Da morena brejeira,

Descendo a ladeira

Chorando demais,

A doce lembrança

Na despedida a dor,

E seu beijo de amor

Que falta me faz.

João Nunes Ventura
Enviado por João Nunes Ventura em 01/06/2016
Reeditado em 26/06/2023
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