Enquanto Corpos

Somos corpos

O teu corpo deseja o meu

O meu é sedento e cede ao seu

Insistentemente, eles buscarão a união

Para que, então, sejamos um só corpo

Agora encorpado, nós somos autonomia

Direcionamo-nos ao prazer e a fantasia

E os gemidos serão a nossa nova linguagem

Seremos quarto, sala, cozinha

Seremos o amparo de um casa

Seremos saliva e grito

O cheiro de um jardim

A língua e a energia em show de rock

Por longos períodos, tudo se repetirá...

Tudo será recebido como novidade

Euforia e folia!

Depois de tanta festa carnal

Chegará o dia em que não existirá os nossos corpos

Nossas almas fugirão desse abrigo

E sofreremos...

Ficaremos presos a essa infinita incompletude

Em vão, tentaremos outras carcaças

Restará a carência e a falta de representatividade

O frio será o clima-ambiente

Por fim, balbuciaremos vontade e reminiscências

Conjugaremos nossas vitórias no passado

Até esvaecer a voz remanente

Para que tudo termine em desconsolo

Rômulo Sousa
Enviado por Rômulo Sousa em 24/05/2016
Reeditado em 23/03/2020
Código do texto: T5645505
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