Enquanto Corpos
Somos corpos
O teu corpo deseja o meu
O meu é sedento e cede ao seu
Insistentemente, eles buscarão a união
Para que, então, sejamos um só corpo
Agora encorpado, nós somos autonomia
Direcionamo-nos ao prazer e a fantasia
E os gemidos serão a nossa nova linguagem
Seremos quarto, sala, cozinha
Seremos o amparo de um casa
Seremos saliva e grito
O cheiro de um jardim
A língua e a energia em show de rock
Por longos períodos, tudo se repetirá...
Tudo será recebido como novidade
Euforia e folia!
Depois de tanta festa carnal
Chegará o dia em que não existirá os nossos corpos
Nossas almas fugirão desse abrigo
E sofreremos...
Ficaremos presos a essa infinita incompletude
Em vão, tentaremos outras carcaças
Restará a carência e a falta de representatividade
O frio será o clima-ambiente
Por fim, balbuciaremos vontade e reminiscências
Conjugaremos nossas vitórias no passado
Até esvaecer a voz remanente
Para que tudo termine em desconsolo