Correndo o risco
No canto de cada canto
eu ouço o canto cantado
por cantores desafinados,
que fiam fios fracos,
que arrebentam
e nunca ensinam rebentos.
Torcem e retorcem
o torço torcido.
Torços que não cobrem o frio,
são fios finos, frágeis.
No canto de cada canto
os sabiás sabiam, sabia?
Eu ouço tudo ao todo
e pelo nada eu nado,
apressadamente.
No canto de cada canto
eu declamo um conto,
aí sim me encanto!
Me encanto com meu conto
e de me ver no meu canto,
calado, sem calar a alma!
Espio o teu expiar
e choro o choro da saudade,
lançada com lanças ao léu.