SAUDADE
Saudade.
Da minha terra
Dos bem-te-vis cantando
À tardinha
Dos galos de campina
Das lambus que assustavam
Quando levantavam voo
Do gavião que pegava pinto
Que junto com a galinha
Ciscavam.
Da mãe-da-lua que cantava à noite
E nas noites de lua cheia
Encantava quem passava na estrada e ouvia.
Do pica-pau que furava o pau branco.
Procurando larvas para comer
Dos sapos que cantavam à noite
Da jia que cantava dentro do buraco
À beira da lagoa
Dos beija-flores que vinham pela manhã
Beijar as flores das plantas que
Ficam no terreiro da casa.
Das borboletas que faziam uma verdadeira
Festa cheirando as flores
Da cobra que engolia sapo
Da raposa que de madrugada vinha pegar galinha no poleiro.
Da lagoa, do cacimbão e, do açude que fica no pé da serra.
Do burro que dava coice
Dos cabritos escramuçando
Do potro que corria todo feliz
Saudade invade o coração, mas não mata.