APENAS UM DIA
Quisera ter agora, as minhas antigas tranças,
Meu vestido "tubinho", minhas fitas...
Subir na minha árvore preferida,
Naquele quintal, agora!...
Estar na roda de meninas,
Cantando " atirei o pau no gato".
Poder seguir as pistas,
Que preparava a minha mãe querida,
Durante a Páscoa, pelo quintal a fora!
Quisera poder sonhar agora, os meus sonhos mágicos,
Ser princesa, soldado, mamãe ou titia...
Me fantasiar de pequenina fada,
Ou ouvir as estórias da esperta cutia.
Recitar vercinhos decorados:
"_ Sou pequenininha, de perninha grossa...
Ih!!! esqueci!" _ E todo mundo ria!
Meu cavalo Bainho, minha boneca Lurdinha,
Meu balancinho cor-de-rosa, que ia e vinha...
Quisera estar denovo, com a minha amiga Sininho,
Encantada bicicleta que me levava ao Japão,
Embora não passasse da primeira esquina...
Abraçar mais uma vez, o meu alado cão Lulú,
Companheiro inseparável, que até " sabia dar bom dia"
E que era quando preciso, o guardião da minha casa.
Poder ver de novo, a minha mãe, naquele quintal, agora,
Jardinando, ralhando, sorrindo...
Sentir-me feliz, embora
Fosse proibido o chiclete- Fazia mal para os dentinhos.
Quisera agora, lambuzar-me todinha, saboreando
O bocaiúva, o algodão doce, a maçã do amor...
Encantar-me ao descobrir que B com A faz BA
E que, antes de P ou B, não se escreve N.
Passear no primeiro " carrão do papai",
Um simples jeep de capota mágica,
Feita de lona verde e que se abria ao sol!
Quisera voltar àqueles tempos... tão lindos!
Fazer birra, ganhar palmadas, exibir beicinhos,
Esconder, por pura pirraça, o carrinho do meu primo
E escutar escondido, conversa de gente grande...
Quisera dormir, outra vez, debaixo do cortinado,
Que (lógico) era a torre do meu castelo encantado...
Quisera ser criança, outra vez,
Ao menos por mais um dia!