Buraco Negro
Entre os buracos negros que existem
Há um que se alimenta dos afetos que desistem
Dos laços rotos pelo gume do desdém
Refém de um faminto vazio,
reduziu ao além, luz a fio,
o brilho que em pele reluziu.
Obcecado por passados amassados,
esse buraco saliva olhos cansados
Amizades brincantes de Sempre
Dissolveram, resolveram acostar
Como tatuagem ponto cego,
apetece vez em cedo
se torcer pra espiar
Hoje tento achar graça
desse vácuo que disfarça por pura pirraça
o caráter predador
À dor de um anti-adeus apegado
Solto um riso debochado
desse adulto esconde-esconde
Entre o resquício de lembrança
e o encontro que descansa
nos despertos olhos de criança.